JMJ comBosco 42 : As memórias de Roma de Luís Ribeiro

>JMJ comBosco >JMJ comBosco 42 : As memórias de Roma de Luís Ribeiro
JMJ comBosco

Esta semana, o convidado do podcast JMJ comBosco é Luís Ribeiro, colaborador da Paróquia dos Prazeres.

Mariana Lagoas e Henrique Laureano conduzem a entrevista em que Luís Ribeiro, natural de Mirandela, catequista e colaborador da paróquia dos Salesianos de Lisboa, recorda a sua participação na Jornada Mundial da Juventude Roma 2000.

Ao longo da conversa, Luís recorda como foi a mobilização para participar no encontro de Roma, a preparação e o caminho espiritual até à celebração final com o Papa com mais de 2 milhões de jovens ali reunidos.

Esta JMJ coincidiu com a celebração do Jubileu do Ano 2000, proclamado pelo Papa João Paulo II para comemorar os 2000 anos do nascimento de Jesus.


Henrique – No episódio de hoje, temos um convidado muito especial, que participou na Jornada Mundial da Juventude de Roma, em 2000.

Mariana – É originário de Mirandela, onde era catequista, e mudou-se para Lisboa para estudar. Continua a dar catequese na Paróquia dos Prazeres e, atualmente, é casado, continuando a colaborar com a paróquia.

Henrique – Connosco temos Luís Ribeiro.

Luís, como é que surgiu a possibilidade de participar na Jornada Mundial da Juventude de Roma, 2000?

Luís – Na altura, participava nas atividades de animação de Mirandela e foi anunciado que existiam as Jornadas Mundiais da Juventude.

Os salesianos não participavam muito, mas falou-se mesmo assim e eu quis participar, ver como era. Ainda por cima, o facto de ser uma cidade fora de Portugal, era ainda mais apelativo e, portanto, eu decidi ir e inscrever-me através de Mirandela.

Mariana – E como é que foi a preparação para essa jornada?

Luís – Os Salesianos associaram-se a uma paróquia da zona de Aveiro e quando mostrei o interesse em participar, recebi alguma documentação com informações, leituras e outro tipo de escritos para fazer a preparação em casa.

Não houve grandes encontros, houve um, se não me engano, antes de ir, mas de resto foi sempre uma preparação em casa.

Henrique – O que é que distinguiu esta de outras jornadas?

Luís – Não sei, nunca fui a outra.

Cheguei a falar com algumas pessoas que já tinham ido e o que me descreveram não foi muito diferente. Havia uma preparação e que depois havia uma espécie de um caminho espiritual para chegar ao último dia, à noite de vigília e à celebração com o Papa. Portanto, por esta descrição que me deram, não foi muito diferente das anteriores.

Mariana – Qual é que foi o ponto mais marcante nesta viagem?

Luís – Sem dúvida, a vigília à noite antes do encontro com o Papa.

Estarmos 2 milhões de jovens juntos numa imensidão de espaço que, para qualquer lado que olhasse, havia pessoas que participavam na Jornada, foi, de facto, algo que marcou.
Depois, o dia em que o Papa chegou foi, também, bastante marcante ver que todos pensávamos no mesmo, que todos estávamos orientados no mesmo sentido espiritual.

Henrique – O que é que destacas da homilia do Papa João Paulo II, em Roma?

Luís – Sem dúvida, a ligação que criava com os jovens através da sua dedicação e orientação. Provavelmente, desconfio eu, devido à sua origem, dos seus conhecimentos e o contacto com os salesianos que foram importantes na sua formação. Penso que, sem dúvida, é o que devo destacar, não só na homilia, mas também na própria forma de ser do Papa João Paulo II.

Mariana – Sentes que foi uma herança pesada, a que trouxeram daquela homilia, ao sentir a esperança que São João Paulo II estava a colocar nos jovens, e em particular nos jovens que ali estavam a escutá-lo?

Luís – Não, não acho que seja uma herança pesada.

Os jovens, por natureza, estão habituados a pensar em grande, e o facto de lhes serem colocados desafios, como o Papa João Paulo II colocava, na forma como ele se relacionava com os jovens em geral, não acho que seja uma herança pesada, simplesmente está a colocar um horizonte, um destino, um caminho, que os jovens que acreditam vão ter vontade de seguir. Os jovens querem isso, precisam disso, precisam de um guia, de uma orientação, de alguém que mostre um caminho ambicioso, e é assim que as pessoas, os jovens em particular, conseguem grandes feitos.

Henrique – Como é que esta experiência de Jornada mudou a tua forma de ser igreja? O que é que mais te impressionou nestas vivências?

Luís – Foi o facto de perceber que existe um caminho, uma necessidade de ser realmente igreja, de participar, de me envolver, de me esforçar, de ir à luta e fazer aquilo que acredito que devo fazer.

Foi por causa disso que depois me envolvi mais ativamente em algumas atividades, e foi, provavelmente, a principal razão de continuar a participar neste tipo de atividades com os Salesianos. Fez-me perceber que eu tinha de fazer mais qualquer coisa, não chegava o que fazia. Eventualmente até, se calhar por causa disso, voltei a participar nas atividades da catequese, a participar em workshops e ateliers com os jovens e a tentar formá-los e mostrar-lhes o bom que é seguir Jesus.

Mariana – Como foi sentir que não estavas só e que havia muitos mais jovens que procuravam e sentiam este amor a Deus?

Luís – É reconfortante perceber que, além daquele pequeno mundo que vemos na nossa paróquia, quando saímos daquelas atividades, vemos que o resto do mundo continua a existir e que a maior parte das pessoas, aparentemente, ignoram completamente este caminho e esta possibilidade.
Ver 2 milhões de jovens, na altura, a participar neste tipo de atividades, e a sentirem, a maior parte deles, fervorosamente o que estava a acontecer, deu para mostrar que sim, não estamos sós.

Podemos, por vezes, desmoralizar um pouco, mas não somos as únicas pessoas a puxar naquele sentido e devemos perceber isso e viver desta experiência e desta força que é sermos muitos e sermos um.

Henrique – Luís, qual é que foi o principal objetivo em participar numa Jornada Mundial da Juventude?

Luís – O principal objetivo era mesmo conhecer, saber como é que era, ver, experienciar, ver o Papa, ver uma realidade completamente diferente da minha. Passar por momentos duros, andar bastante, comer comida que não era agradável, ter de seguir regras e não ter o conforto todo que me apetecia. Diria, portanto, experienciar acima de tudo.

Mariana – Na sua homilia, o Papa João Paulo II referiu, sede vós mesmos, testemunhas fervorosas da presença de Cristo nos nossos altares, que a Eucaristia plasme a nossa vida, a vida das famílias que haveis de formar. Sentes que esta Jornada Mundial da Juventude influenciou a tua vocação para o matrimónio?

Luís – A Jornada Mundial da Juventude influenciou muito do que aconteceu no futuro da minha vida. Como eu estava a dizer há bocado, influenciou-me a participar nas atividades dos Salesianos de Lisboa, influenciou a forma como passei a encarar a vida e, eventualmente, até o matrimónio. E mesmo agora, de vez em quando, conto às minhas filhas algumas coisas que se passaram e algumas dessas histórias têm a ver com a Jornada Mundial da Juventude de 2000.

Mariana – Falando mais especificamente agora, na Jornada que vai ocorrer em Lisboa em 2023, estás envolvido na sua preparação? Se sim, de que forma?

Luís – Neste momento não estou a participar em nada, no entanto, na minha paróquia, há alguns grupos que estão a fazer a sua preparação. Como estou há pouco tempo na paróquia, ninguém sabe que já participei numa Jornada Mundial da Juventude, mas eventualmente isso há de se saber e eventualmente terei de dar algum tipo de testemunho, como estou agora aqui a fazer. Não tenho nada planeado, mas é provável que alguma coisa aconteça.

Henrique – Por fim, que mensagem queres deixar aos jovens que estão, desde já, a preparar-se para a Jornada Mundial da Juventude de Lisboa 2023?

Luís – Primeiro, que participem, que estejam lá com vontade e a sentir o momento com seriedade. Depois, que vivam cada momento com o máximo de intensidade possível, porque vai ser uma experiência que os vai marcar para o resto da vida. Vai ser algo que não vão esquecer tão rapidamente e, acima de tudo, a mensagem que vai ser passada, é importante para a sua vida e para a vida dos que o rodeiam.

Portanto, a mensagem é tão simples como, participem realmente, vivam realmente, aprendam e vejam a quantidade de pessoas que estão lá, com a mesma intenção, com o mesmo carinho, pela mensagem e pelo amor a Deus que os une naquele momento.

Artigos Relacionados