João Filipe Carapito, professor de Educação Moral e Religiosa Católica é o convidado de mais um JMJ comBosco. Nesta edição, Mariana Lagoas e Henrique Laureano recebem um dos participantes da JMJ 1993, que teve lugar em Denver, nos Estados Unidos da América.
Incentivado pelos pais e pela comunidade, nomeadamente, pelos seus catequistas, João participou naquela Jornada Mundial da Juventude com outros jovens do caminho Neocatecumenal e recorda a sua participação como “um desafio entusiasmante”.
João Filipe, desafia todos os jovens a participarem na próxima Jornada Mundial da Juventude, a descobrirem Jesus Cristo e a escutarem a mensagem que tem para cada um de nós, pois esta é uma mensagem que pode “mudar a vida”, conclui.
Henrique – No episódio de hoje, trazemos o testemunho de uma pessoa que viveu a Jornada Mundial da Juventude de 1993.
Mariana – Muito obrigada pela sua presença. Peço-lhe que comece por se apresentar.
João – O meu nome é João Filipe Carapito, tenho 45 anos, sou casado, tenho quatro filhos e sou de Évora. Neste momento, sou professor de Educação Moral e Religiosa Católica e participei na Jornada Mundial da Juventude em Denver, em 1993.
Henrique – O que o motivou a participar na Jornada Mundial da Juventude, em Denver, em 1993?
João – O que me motivou foi, de facto, o desafio que me fizeram. Tinha 17 anos, ia com alguns jovens do Caminho Neocatecumenal, do qual faço parte desde que nasci, e foi-me apresentado o desafio entusiasmante de estar com o Papa e com milhares de jovens.
Mariana – Nos ambientes que o rodeavam, já alguma vez tinha ouvido falar da Jornada Mundial da Juventude?
João – Em 1991, na Jornada Mundial da Juventude, na Polónia, tive alguns amigos que foram e participaram, mas como tinha 15 anos, ainda não me tinha sido permitido ir. No entanto, ficou desde logo, a vontade de participar na próxima e quando anunciaram que seria nos Estados Unidos, fiquei muito contente.
Henrique – Quem é que o incentivou a ir e a participar nesta Jornada?
João – Desde logo, os meus pais, mas também, a minha comunidade e, nomeadamente, os meus catequistas, que incentivaram todos os jovens que pudessem, a participar neste grande encontro.
Mariana – Naquela altura, a participação num encontro com esta dimensão e tão longe, não deve ter sido fácil.
João – De facto foi difícil, porque tivemos de trabalhar para angariar algum dinheiro que pudesse ajudar a pagar a viagem, que era bastante cara.
Lembro-me que trabalhei na feira a pedir dinheiro à família e tentei juntar algum, porque sabia que seria um marco importante na minha vida.
Depois, chegar àquele continente onde nunca tinha estado, estar longe da família, do meu conforto, mas no fundo estar perto das pessoas, estar perto dos jovens, estar perto do Papa, foi uma Jornada impressionante. Foi, de facto, uma aventura grande que marcou a minha vida.
Henrique – João, o que é que recorda desta sua participação na JMJ?
João – Recordo-me que, de Évora, fomos um grupo pequeno, mas juntámos-nos a jovens de todo o país.
A viagem durou cerca de 15 dias, foi longa, mas iniciámos a Jornada com uma celebração penitencial na Igreja da Brandoa, em Lisboa, que me marcou imenso porque me mostrou logo, como iria ser a viagem.
Tínhamos sempre Eucaristia com muita alegria e ritmo, uma alegria que sempre me marcou e ajudou a viver este tempo nas horas do autocarro que passámos juntos.
Recordo, também, que foi muito importante aquilo que partilhávamos ao microfone, à ida, as nossas expectativas, quando regressámos, a nossa experiência. Foi algo que me marcou, escutar as experiências dos outros e ver como Deus tinha falado a cada um de uma maneira especial, não só pelas palavras do Papa, dos catequistas que nos acompanharam, mas também na história de cada um daqueles que estavam à minha volta.
Mariana – Sendo do outro lado do mundo e depois deste esforço todo, como é que foram recebidos? Sentiram alguma resistência por parte dos americanos?
João – A reação dos americanos não foi a melhor. Havia um ambiente um pouco tenso, havia slogans contra o Papa, e, recordo-me até, de uma vez, que passou um avião com uma faixa que dizia “O Papa é o maior pecador”. Na altura, o padre João Marques, atual bispo de Beja, dizia que isto não era novidade, que o mais iluminado era normal que visse claramente os seus pecados.
Foi um tempo de tensão nos Estados Unidos, até porque a mensagem que o Papa levou era uma mensagem fraturante.
Mariana – Como é sentir que não estamos sós, que há tantos como nós e que partilham deste amor a Deus?
João – Foi muito bom sentir o maior banho de multidão que eu tinha tido até à altura. Na zona do encontro com o Papa, estivemos 500.000 jovens.
Com os meus 17 anos, impressionou-me imenso sentir que outros partilham do mesmo amor, da mesma união em Jesus Cristo, dos mesmos ideais. Ver jovens de todo o mundo que tinham feito, se calhar, tantos ou mais sacrifícios do que eu para estar ali, é uma mensagem forte.
Henrique – Depois da sensação de estar com tantos jovens que acreditam como nós, como foi estar com o Papa João Paulo II?
João – Era um papa especial e que marcou a minha adolescência. Era um Papa próximo, sentíamos que nos entendia e que falava uma linguagem que estava adequada àquilo que estávamos a viver.
Com o seu olhar tocava-nos e, cada vez que tínhamos oportunidade de estar mais perto, era impressionante, porque sentíamos que Jesus Cristo estava ali, que Deus falava através daquela voz, daquele homem que agora é santo. Sentíamos que falava em nome de Deus, e tocou-me como só Deus sabe tocar.
Mariana – Falando o Papa João Paulo II, esta linguagem acessível a todos, como é que recebeu as suas palavras dirigidas especialmente aos jovens? O que é que mais o marcou?
João – As palavras do Papa foram, como disse há pouco, fraturantes e impressionantes. O tema era “Eu vim para que tenham a vida e a tenham em abundância”, e este tema marcou a minha vida para sempre.
Eu, enquanto jovem e ainda hoje, procuro a verdadeira vida, procuro um sentido para a vida.
O Papa ir aos Estados Unidos, e dizer que o mais importante não era ter bens materiais, que o mais importante não era o sonho americano, não era ter saúde ou dinheiro e que, o mais importante era sentir-se bem por dentro, depois de conhecermos Aquele que nos ama, tudo isto marcou a minha vida e a vida de muitos jovens.
Henrique – João, pergunto-lhe o que mais o impressionou nesta Jornada Mundial da Juventude e pergunto, também, o que é que implicou esta participação na sua vida?
João – Posso dizer que marcou e mudou a minha vida.
Nós, os peregrinos, voltámos para o nosso país de origem, inspirados pelo Papa com as suas palavras, que me marcaram de tal forma que também me ajudou a escolher a minha vocação, que é estar na Igreja, catequizar, ser professor de religião e moral, ao serviço da Igreja nas escolas e, no fundo, não ter medo de anunciar Jesus Cristo, num mundo que precisa Dele.
Mariana – Já que esta Jornada o marcou tanto, participou em mais alguma?
João – É lógico que eu não podia parar por ali. Acabei por participar em mais três Jornadas Mundiais da Juventude, em Paris, em 1997, em Roma, no ano 2000 e, mais tarde, em Madrid.
No entanto, posso dizer-vos que esta foi uma Jornada fundamental, que me ajudou decisivamente a perceber que é um tempo de encontro com o Papa e com Deus, que nos ajuda, no fundo, a encontrarmo-nos connosco mesmos.
Henrique – Que mensagem quer deixar aos jovens que estão, desde já, a preparar-se para vir à Jornada Mundial da Juventude de Lisboa, em 2023?
João – Agora temos Lisboa, temos a oportunidade de acolher este evento em Portugal e de uma forma única.
Os meus filhos irão, eu estarei presente e convido todos os que possam fazer esta experiência, de ouvir uma mensagem que nos pode dar um sentido para a vida, pode transformar a nossa vida, a descobrir Jesus Cristo que é, de facto, uma experiência profunda e plena.
Convido-vos a participar em Lisboa, nesta Jornada Mundial da Juventude que se aproxima e que vai ser, certamente, um momento grande nas nossas vidas.
Mariana – Muito obrigada pela sua presença e pelas suas palavras.