Esta semana, em mais um JMJ comBosco, Mariana Lagoas e Henrique Laureano entrevistam Beatriz Roque Antunes, a autora do logotipo da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
Antiga aluna dos Salesianos de Lisboa, a designer, que estudou Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes em Lisboa e Arte e Design em Londres (Reino Unido), falou sobre o grande orgulho que foi ser escolhida: “Foi um grande orgulho ser distinguida”, sublinhou.
Membro da Missão País, para Beatriz a passagem escolhida pelo Papa Francisco para esta JMJ, foi inspiração suficiente para criar o logotipo, que apresenta também algumas caracteristicas de Portugal. “A passagem escolhida pelo Papa Francisco era-me já muito querida”.
Com a sua proposta Beatriz quer convidar todas as pessoas a “colocarem-se a caminho”. Também ela, que nunca participou em nenhuma JMJ está ansiosa por fazer esse “caminho”.
Mariana – No episódio de hoje temos connosco uma convidada especial, a autora do logótipo da JMJ Lisboa 2023, Beatriz Rocha Antunes.
Começo por perguntar como é ser a autora do logótipo da JMJ Lisboa 2023 e ver o teu trabalho distinguido entre candidatos de mais de 30 países?
Beatriz – Foi uma experiência muito interessante, quer ter participado como depois ver o meu trabalho a ser distinguido.
Nunca esperei que houvesse tantos candidatos de todo o mundo. Ver tantos jovens atentos a querer contribuir e ao mesmo tempo ter conseguido ser distinguida e ter conseguido ganhar, foi para mim, uma alegria grande.
Pensava que concorrer ia ser muito importante, para a minha fé e para o meu percurso de fé, até mais do que para o meu percurso profissional e além disso, apesar de querer muito ganhar, a verdade é que nunca esperei que isso fosse efetivamente acontecer e, portanto, foi um grande orgulho e uma grande surpresa que eu tive muita felicidade em viver.
Henrique – Beatriz, como foi este caminho de inspiração e de construção do logótipo?
Beatriz – O caminho foi simples, principalmente porque a passagem que inspira a Semana da Jornada Mundial da Juventude, é uma passagem que me é especialmente querida.
O episódio da visitação é uma passagem que eu tinha tido a oportunidade de rezar, tanto na Missão País, como pessoalmente. Mas principalmente na Missão País, tinha sido uma passagem que eu tinha rezado de uma forma muito especial e pela qual tinha muito carinho e, portanto, também foi isso que me motivou a participar no concurso.
Portanto, o caminho começou aí, a inspiração veio daí e depois foi ir aprofundando ao máximo essa leitura, refletindo palavra a palavra. Foi a partir desse processo de oração que depois tudo o resto se fez acontecer. Depois de rezar, foi pensar o que é que eu queria comunicar visualmente, quais eram os meus objetivos, o que é que eu achava que fazia sentido para um evento desta dimensão. Depois, foi aliar a minha vida de fé àquilo que é a minha profissão e aquilo que é a maneira como eu vejo o design e a sua importância nos nossos dias.
Mariana – Quanto tempo durou esse processo de criação?
Beatriz – Efetivamente, a partir do momento em que eu comecei a rezar a passagem e a fazer os primeiros esboços, até ao resultado que foi enviado para o concurso, foi de uma semana. Eu decidi que queria participar no concurso, pus uma semana de férias no trabalho e dediquei essa semana inteiramente a este desafio.
Henrique – Em que é que se inspirou para criar este logótipo?
Beatriz – Primeiro, como já disse, na passagem que dá o tema a esta Jornada Mundial da Juventude, a passagem da Visitação. Concentrei-me nesta jovem Maria que tinha sido desafiada por Deus com um desafio muito grande, e que teve muita prontidão e coragem a responder afirmativamente a esse desafio. Tentei perceber como é que Maria se identifica com os jovens de hoje e como é que nós nos podemos identificar com Nossa Senhora.
Uma das coisas que foi muito importante também, foi, não só rever todos os logótipos das edições passadas, mas também logótipos e identidades gráficas que falassem de identidade nacional, porque eu achava que era muito importante passar a identidade nacional do país. Depois, foi fazer, também, o paralelismo para o que é a nossa identidade religiosa enquanto país.
Mariana – Que convite é que gostavas de deixar aos jovens com este teu logótipo?
Beatriz – Acima de tudo, quero convidar as pessoas a colocarem-se a caminho.
Nós sabemos que a vida é um caminho sem fim, que tem voltas e reviravoltas e que muitas vezes temos de voltar atrás para andar para a frente e os jovens têm, cada vez mais, noção das dificuldades do nosso dia a dia, das dificuldades que encontramos no mundo, no panorama político e social.
A vida não é um caminho, sempre em frente, mas é aí que a fé nos ajuda, ajuda-nos a caminhar com mais esperança, com propósito e a caminhar, de alguma forma, mais leves.
Portanto, o convite do logótipo é, acima de tudo, para que os jovens se ponham a caminho, se desinstalem e queiram participar não só nesta jornada, porque o caminho começa na JMJ, mas não acaba ali, é um caminho para a vida, é este caminho de fé, que se faz caminhando para Cristo e, portanto, esse é o convite acima de tudo.
Henrique – És uma pessoa de fé?
Beatriz – Sou, apesar de também ter os meus momentos mais próximos e os meus momentos de angústia e de desolação, faz tudo parte do caminho de que eu falava há pouco. Mas sim, considero-me uma pessoa de fé e acho que não podia ser de outra forma.
Pergunto-me como é que há pessoas que vivem sem fé, na medida em que percebo e respeito completamente, mas em que sinto que seria muito difícil para mim viver sem fé, porque ela tem um papel muito importante na minha vida, é como guia, como uma caixa de esperança. Acredito que seja mais difícil viver assim, sem fé.
Mariana – Já alguma vez participaste numa JMJ?
Beatriz – Não tive a sorte de participar ainda, mas espero e acredito que esta vai ser a primeira e com certeza com muito significado, por ver o meu trabalho ser um veículo na promoção da fé.
Não tive essa oportunidade antes porque sabemos que é dispendioso ir a outro país, mas estou muito entusiasmada com a próxima Jornada Mundial da Juventude.
Henrique – Na tua opinião, qual é o papel da JMJ na evangelização do mundo juvenil?
Beatriz – A JMJ é um evento mundial, o maior evento de jovens do mundo e só por isso, já é impressionante, mas mais do que isso, é um encontro com o Papa e dos jovens com Cristo. Por mais diferentes que sejamos e por mais diferentes que sejam as nossas realidades, unimo-nos todos na fé em Cristo e, portanto, é um evento muitíssimo importante. No entanto, acredito que pode ser cada vez mais, principalmente se não fugir às questões fraturantes e abordar as dificuldades sociais e de fé nos dias de hoje.
Os jovens são confrontados com dilemas que muitas vezes põem em causa a doutrina e, portanto, acho que pode ser importantíssimo este evento, na medida em que nos junta, a todos que acreditamos em Deus, e nos mostra que apesar de as realidades serem todas diferentes, temos isso em comum e muito mais. É um evento que pode ter um papel importantíssimo não só na evangelização para nos aproximar a todos de Deus, mas para nos aproximar de Deus também nas coisas simples, para nos alertar e nos puxar para a participação social e política, que é a vida de um cristão.
Mariana – Por último, queremos perguntar qual é a mensagem que gostavas de deixar aos jovens que estão, desde já, a preparar a sua participação na JMJ Lisboa 2023.
Beatriz – O mais importante é fazer caminho e, portanto, quero deixar uma mensagem de coragem e de ânimo a todos aqueles que já começaram esse caminho.
O caminho até à Jornada Mundial da Juventude, que não começa na jornada e não acaba na jornada, é um caminho que já começou e que não tem fim e, portanto, quero deixar esse ânimo a todos aqueles que já se puseram a caminho, para que assim continuem, para que não percam as forças e para que vão sempre buscar coragem e motivação a Deus.