“Horas antes de participarem na Via Crucis, com 800 mil peregrinos, os quatro responsáveis salesianos reuniram com alguns jornalistas e colaboradores dos meios de comunicação social que acompanham a participação salesiana na Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.
O encontro da tarde de ontem, 4 de agosto, foi agendado pela organização para dar aos jornalistas e colaboradores a oportunidade de saber as impressões dos dois superiores e dos dois responsáveis da pastoral juvenil sobre a Jornada e a participação salesiana.
Impressionante foi a forma como o Pe. Ángel descreveu aquilo a que assistiu no dia 2 de agosto, em Lisboa, durante o SYM Forum, e no Estoril, na festa da WYD Don Bosco 23, ao longo da tarde e noite. “Fico impressionado com o grau de identificação dos jovens. A capacidade de passar da festa ao silêncio durante a Vigília”.
Para a Irmã Chiara Cazzuola, o ambiente que se viveu em toda a cerimónia faz “emergir o caminho que é feito por estes jovens”. “A reação na vigília não se ensaia”, afirmou a Madre. O espetáculo de abertura da tarde, com a representação dos “Sonhos dos nove anos” de São João Bosco, “de uma forma muito sugestiva, “sem palavras, enriqueceu muito a mensagem”.
“A nossa juventude não faz drama, calor, filas. Quando estão motivados não se queixam”
Para o Pe. Miguel Ángel dois aspetos sobressaíram: “A nossa juventude não faz drama, calor, filas. Quando estão motivados não se queixam. Segundo, são parte da Igreja, apesar de muitas vezes passarem despercebidos nas suas paróquias, nas suas dioceses, aqui não”.
A Ir. Runita Borja destacou o “modo de fazer” da Família Salesiana, para descrever o que mais a impressionou nos dias da JMJ que já viveu. “O João [Fialho] conheci-o quando tinha 10 anos. Agora está aqui como organizador”, referiu.
O período conturbado do reitorado do décimo Sucessor de Dom Bosco, com anos muito convulsos e difíceis, são uma preocupação para o superior salesiano pelo impacto que está a ter nos jovens. “Oxalá o status quo não absorva esta juventude, que é muito bela, mas que também sofre muito com a falta de oportunidades”.
Na avaliação que faz do acompanhamento salesiano dos jovens, a Madre Geral destaca o “grande trabalho de aprofundamento da espiritualidade” que a Congregação conseguiu fazer ao longo dos anos. “No início, procurámos um método e encontrámo-lo”. É uma questão de acompanhamento”, reforçou.
O mesmo sublinhou o responsável mundial da Pastoral Juvenil, para quem a identidade salesiana é o do acompanhamento próximo, “a amizade, o vínculo afetivo, a hospitalidade, a proximidade”.
Para a Irmã Runita o compromisso do religioso salesiano com a sua missão é total. “Oferecer tudo, não só os frutos, mas as raízes e a planta toda. Sempre”.
Interrogados sobre o caminho de aproximação aos “jovens digitais” que a Igreja e a Congregação querem fazer, os dois superiores relativizam. “A parte mais importante é sempre a carismática”, afirmou a Madre Chiara, não obstante a necessidade de adaptação às novas gerações.
Por vezes, alertou o Reitor-Mor, “corremos o risco de ver o mundo da nossa perspetiva”. “Primeiro diria que nem todos têm acesso. Mais de um terço das nossas presenças são de crianças de rua, crianças em risco, crianças que vivem em grande pobreza”, reforçou.
No final do encontro, que decorreu nas instalações dos Salesianos de Lisboa, onde se encontra hospedado, o Reitor-Mor seguiu para a “Colina do Encontro”, para participar num dos eventos centrais desta Jornada. 800 mil peregrinos, segundo comunicação da Sala de Imprensa da Santa Sé, terão estado ontem no Parque Eduardo VII e ruas adjacentes.