Se Deus quiser, a próxima Jornada Mundial da Juventude em Lisboa será a minha oitava experiência: Manila, Roma, Colónia, Sidney, Madrid, Rio de janeiro, Panamá. Uau, como o tempo voa. Já vi gerações de jovens passarem pela experiência da Jornada Mundial da Juventude.
Os preparativos e a organização mudaram ao longo dos anos, mas continuam a atrair jovens cujas vidas são alteradas por esta experiência única.
Então, como é que alguém como eu, nesta idade, continua a participar numa experiência que, como diz o próprio título, é para os jovens?
Voltemos a 1995, de 10 a 15 de janeiro, em Manila (Filipinas). Foi a minha primeira experiência na Jornada Mundial da Juventude. Eu era uma irmã mais nova. Estávamos empenhados nas promoções das estações de rádio e de televisão, nas campanhas nas escolas e nas paróquias. Toda a Família Salesiana das Filipinas esteve muito envolvida na preparação, na organização e na animação. E isto é muito característico de cada Jornada Mundial da Juventude: a participação ativa da Família Salesiana. Estou certa de que, se Dom Bosco estivesse vivo hoje, seria um dos mais ativos apoiantes da Jornada Mundial da Juventude. Afinal, é uma expressão do cuidado da Igreja pelas gerações mais jovens. E que melhor maneira de nos unirmos como um grande Movimento Juvenil Salesiano mundial do que durante as Jornadas Mundiais da Juventude!
A Jornada Mundial da Juventude oferece atividades e experiências que vão ao encontro das diferentes necessidades e interesses dos jovens.
A primeira experiência é a de nos unirmos. Participar como parte de uma delegação dá ao jovem peregrino um sentido de comunhão. Muitos dos peregrinos escolhem a experiência de viver com famílias anfitriãs e paróquias anfitriãs, dando-lhes, assim, a oportunidade de conhecer as pessoas, a cultura e muitas outras coisas sobre a cidade anfitriã, de forma pessoal. Para muitos, esta é uma oportunidade de partilha mútua de vida e de fé. Muitos deles tornam-se amigos para a vida. Isto faz-me recordar as muitas saídas de verão que Dom Bosco organizou para os rapazes do Oratório. Passavam, de cidade em cidade, hospedava-se nas casas dos habitantes da cidade, com os rapazes a divertirem-se e Dom Bosco a pregar um ou dois sermões. De facto, numa dessas saídas, eles foram para Mornese. Maria Mazzarello foi uma das organizadoras mais envolvidas da hospitalidade dos Mornesianos aos jovens muito ativos.
Outra parte importante da experiência da Jornada Mundial da Juventude são os momentos da catequese, do sacramento da Reconciliação e da Santa Missa. Desde a sua conceção, São João Paulo II concebeu a Jornada Mundial da Juventude como uma experiência semelhante às primeiras comunidades cristãs reunidas, aprendendo sobre a sua fé, com os próprios apóstolos, agora representados pelos Bispos, que animam as sessões de catequese e que desenvolvem o tema da Jornada Mundial da Juventude. Dom Bosco e Madre Mazzarello acreditavam que a verdadeira educação deveria ter em conta a formação de toda a pessoa. O Papa Francisco chamaria a isso “educar a mente, o coração, as mãos e os pés”. No entanto, tanto Dom Bosco como Madre Mazzarello acreditavam que no centro da nossa missão está a proclamação de Cristo. E a Jornada Mundial da Juventude oferece momentos privilegiados de proclamação. As palavras do Papa, em diferentes momentos, tornam-se experiências profundas de conhecer a nossa fé e de como a podemos viver na nossa vida quotidiana.
Mas não será uma experiência para os jovens sem concertos, festivais de arte e cultura, experiências de voluntariado e outras atividades muito atrativas para os jovens. É bom saber e experimentar, em primeira mão, que ser cristão não significa ser fechado e aborrecido. Sim, há tantas possibilidades de escolha e em cada uma delas, realmente, celebramos a nossa fé. Tanto o Oratório de Dom Bosco, como a sala de trabalho de Mornese foram, também, locais de festa e de celebração, num estilo simples e familiar, com o empenho de todos. Lembro-me do Carnaval improvisado que a mãe Mazzarello e as suas companheiras organizaram para as raparigas! Não foi Dom Bosco que disse que a melhor maneira de abrir o coração de um jovem é partilhar as coisas que lhe interessam?
Por isso, para responder à pergunta que coloquei no início deste artigo, vou à Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa, porque é para lá que vão os jovens. Como Salesianos, estamos onde estão os jovens. A melhor expressão do nosso cuidado e atenção é a nossa presença.
Estou certa de que será uma maneira maravilhosa de experimentar o que Dom Bosco disse uma vez: “vocês complementarão o trabalho que eu começo: eu esboço, vocês colocarão as cores”. Sim, durante a Jornada Mundial da Juventude, vamos juntos ver e experimentar um mundo composto por diferentes rostos, línguas, expressões, cores. Veremos que aquilo que nos une é muito, muito mais do que aquilo que nos divide. Será algo para além das nossas expectativas. Espero que daqui a alguns anos todos nos lembremos de agosto de 2023, como uma experiência que marcou as nossas vidas e nos fez acreditar que as nossas vidas são importantes, que por mais desconhecidos ou invisíveis que nos sintamos, somos parte de algo maior do que nós próprios. Quando Jesus está presente na nossa vida, podemos atravessar pontes e construir um mundo mais acolhedor, onde cada um é valorizado, e ninguém excluído. Como Maria, todos nós podemos levantar-nos, dar a nossa própria contribuição e enfrentar os desafios.
O Papa Francisco diz a cada jovem que “Cristo está vivo e quer que estejais vivos!” (Christus vivit n. 1). E não é este o sonho de todos os jovens? Estar vivo! Estou certa de haverá nesta Jornada Mundial da Juventude 2023: variedade de cores, das línguas, das nacionalidades, há um sentido de comunhão, uma espécie de confirmação de Deus, de que Ele está connosco, e é por isso que é possível celebrar. É a razão da nossa alegria. Madre Maria Domenica Mazzarello deixa-nos uma mensagem memorável: “A alegria é o sinal de um coração que ama o Senhor”
Vemo-nos em Lisboa!