Um milhão e meio de peregrinos na Vigília da JMJ Lisboa 2023

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Eram milhares e milhares e milhares, nas estradas, a pé, em direção ao Campo da Graça. No final somaram 1 milhão e meio de peregrinos na Vigília da Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023.

Começou com dois testemunhos sobre a importância da fé. António Matos, jovem padre sobre o seu percurso vocacional, e o doloroso relato de Marta, jovem de 18 anos natural de Cabo Delgado, em Moçambique, da fuga aos ataques terroristas à sua aldeia. A fé foi o que lhes permitiu superar a dúvida, o medo, a fome, a sede.

“Queridos irmãos e irmãs, boa noite. Dá-me alegria ver-vos. Obrigada por terem viajado, por terem caminhado. Obrigado por estarem aqui”, começou por dizer o Papa Francisco. “E penso que também a Virgem Maria teve que viajar para ver Isabel. Partiu e foi sem demora. Perguntamo-nos porque Maria partiu apressadamente para ver a sua prima. Claro, acaba de saber que a prima está grávida, mas ela também está. Então porque vai, se ninguém lho pediu. Maria realiza um gesto não pedido, não obrigatório. Maria vai porque ama. E o que ama, voa, corre e alegra-se. É isso que nos faz o amor”.

“A alegria é missionária, não é para nós é para os outros”

Como Maria, que não pensa em si, mas no outro, Francisco convidou a partilhar a alegria recebida. “A alegria é missionária, não é para nós é para os outros”. E, pedindo um segundo de silêncio, interpelou: “Agora olhemos para trás, tudo o que recebemos, o que já recebemos, tudo isso preparou o nosso coração para a alegria. Todos, se olharmos para trás, temos pessoas que foram um raio de luz para a vida: pais, avós, amigos, sacerdotes, religiosas, catequistas, animadores, professores, são como as raízes da nossa alegria”.
Como é hábito, o Papa Francisco “fugiu” ao texto escrito. Falou com a multidão, pediu que sigam os caminhos difíceis, que podem cansar, que podem derrubar, pelo cansaço ou pelas falhas pessoais.

“A única situação em que é legítimo olhar para uma pessoa de cima para baixo é para a ajudar a levantar-se”

“Quando vemos algum amigo nosso que esteja caído o que temos de fazer? Levantá-lo, com força. Quando temos de levantar ou ajudar a levantar uma pessoa, que gesto fazemos? Olhamos para ela de cima para baixo. A única situação em que é legítimo olhar para uma pessoa de cima para baixo é para a ajudar a levantar-se. Quantas vezes vemos as pessoas olharem para nós assim, por cima do ombro, de cima para baixo? É triste”.

“Não há nenhum curso que nos ensine a andar na vida”, lembrou, “aprende-se, aprendemos com os nossos pais, com os nossos avós, com os nossos amigos, a dar a mão uns aos outros”. E pediu que se levantem sempre que forem derrubados pela vida.

No fim, lembrou que só o amor de Cristo é gratuito. “Só há uma coisa de graça, o amor de Jesus. Por isso, com esta oferta que temos, o amor de Jesus, e com o desejo e a vontade de caminhar, caminhemos na esperança. Olhemos para as nossas raízes, sem medo, não tenham medo!”

E, no momento da Adoração Eucarística, o silêncio marcou a noite no Campo da Graça.

Outras marcas

A atuação da fadista Carminho ficará na memória de todos. A chegada dos símbolos da JMJ no Tejo ficará na memória. A atuação do coro “Mãos que cantam” ficará na memória. Como ficarão as outras atuações musicais, o coro e orquestra da JMJ Lisboa 2023, a interpretação do Ensemble23.

E também ficarão na memória as marcas da criatividade que o Papa pediu, a logística, a organização do acolhimento, a organização da cidade, os 100 hectares do recinto, a distribuição de comida a centenas de milhares de pessoas no caminho até ao Parque Tejo, a atenção ao desperdício, a solidariedade entre os voluntários, a partilha entre os peregrinos. E a presença de todos, apesar de fazerem esforços muito diferentes: quase dois mil peregrinos com deficiência ou com mobilidade reduzida estiveram nesta Jornada Mundial da Juventude, com acesso, em todos os eventos centrais, a zonas reservadas e a assistência de muitos voluntários e familiares.

Fotografia de entrada: JMJ Lisboa 2023

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